ATA DA CENTÉSIMA DÉCIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 17.10.1990.

 


Aos dezessete dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Décima Nona Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, Wilton Araújo, Adroaldo Correa, Nereu D'Ávila e Heriberto Back. Constatada a existência de "quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver. Wilson Santos que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Centésima Décima Oitava Sessão Ordinária e da Trigésima Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adroaldo Correa, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Cyro Martini, 01 Indicação; pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Leão de Medeiros, 01 Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 23/90 (Processo nº 1847/90); pelo Ver. Omar Ferri, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Providências. DO EXPEDIENTE constaram o Ofício nº 600/90, do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre, e o Ofício-Circular nº 08/90, da Associação de Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal do Ver. João Dib, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Na ocasião, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Dilamar Machado, solicitando a suspensão da Sessão de Pauta Especial - Orçamentos, marcada para a presente Sessão, ficando a mesma adiada para a próxima sexta-feira. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 124, 126, 129, 125 e 127/90, os Projetos de Lei do Executivo nºs 53, 54/90, este discutido pelos Vereadores Isaac Ainhorn e José Valdir, e 57/90, este discutido pelo Ver. João Dib, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 23/90; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 132/90; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 24/90; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 39/90. A seguir, foi sugerida pela Mesa, com a aprovação dos Vereadores presentes, a alteração da ordem dos trabalhos, passando-se ao período de ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nºs 13; 22/90, este por quinze Votos SIM contra seis Votos NÃO, após ter sido discutido pelo Ver. Cyro Martini e encaminhado à votação pelos Vereadores José Valdir e Ervino Besson, tendo sido submetido à votação nominal a Requerimento verbal, aprovado, do Ver. Cyro Martini. Em Discussão Geral e Votação estiveram os Projetos de Lei do Legislativo nºs 82 e 97/90, que tiveram adiadas suas discussões e votações por duas Sessões a Requerimentos, aprovados, dos Vereadores João Motta e Luiz Machado, respectivamente. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 24/90, por dezessete Votos SIM contra duas ABSTENÇÕES, e a Emenda nº 02 a ele aposta, por dezoito Votos SIM contra um Voto NÃO e uma ABSTENÇÃO, tendo sido rejeitada a Subemenda à Emenda nº 02, por onze Votos SIM contra nove Votos NÃO e uma ABSTENÇÃO. Este Projeto, bem como suas Emenda e Subemenda, foram submetidos à votação nominal por sugestão da Mesa e discutidos pelo Ver. Airto Ferronato. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Lei do Executivo nº 31/90 e o Projeto de Resolução nº 25/88. Em Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 136/89 que, a Requerimento, aprovado, do Ver. Clóvis Brum, teve adiada sua votação por uma Sessão. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos, solicitando dispensas de distribuição em avulsos e interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data: do Ver. Cyro Martini, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 22/90; do Ver. João Dib, com relação ao Projeto de Resolução nº 25/88; do Ver. João Motta, com relação aos Projetos de Lei do Executivo nºs 24 e 31/90; do Ver. Luiz Machado, com relação ao Projeto de Lei do Legislativo nº 13/90. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Votos de ­Pesar pelos falecimentos de Fanny Dellamora Garcia; de Elvira Ranquetat; de Nicanor Luz; do Ver. Décio Schauren, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 132/90 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Finanças e Orçamento e de Urbanização, Transportes e Habitação, este encaminhado à votação pelo Ver. Décio Schauren; do Ver. Dilamar Machado, de Voto de Pesar pelo falecimento de Leonel Pantuzzi Vargas; do Ver. João Motta, solicitando que o período de Comunicações da Sessão Ordinária do dia vinte e nove do corrente seja dedicado a assinalar o transcurso do "Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino"; do Ver. Leão de Medeiros, de Voto de Congratulações com a Associação Nova Azenha, ANA, pela passa­gem de seu primeiro aniversário; com o Jornalista Saul Junior, pela passagem dos seus vinte e cinco anos de colunismo no Jornal Zero ­Hora; de Votos de Pesar pelos falecimentos de Sílvio Santos e Frederico Cabeda Hagel; do Ver. Mano José, de Voto de Pesar pelo falecimento de Bazílio Orceli Silveira; do Ver. Valdir Fraga, solicitando a realização, dia dezoito do corrente, às dezessete horas, de Sessão Solene destinada a assinalar os cento e vinte e um anos de existência do Mercado Público Municipal; de Votos de Congratulações com o Clube de Mães Vila Nova; com o Nonoai Tênis Clube, pelas passagens de seus aniversários de fundação; do Ver. Vicente Dutra, de Votos de Congratulações com o Patronato Lima Drummond; com o Instituto Metodista ­de Educação e Cultura, pelas passagens de seus aniversários de fundação; do Ver. Wilson Santos, solicitanto que o período de Grande Expediente da Sessão Ordinária do dia doze de dezembro seja destinado a homenagear o Sr. Paulo Viriato Correa da Costa, Presidente Internacional do Rotary Clube, este encaminhado à votação pelo Ver. Vicente Dutra. Ainda, foi rejeitado Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando renovação da votação do Projeto de Resolução nº 17/90 (Processo nº 1022/90), por onze Votos SIM contra oito Votos NÃO, tendo sido, este Requerimento, submetido à votação nominal a Requerimento verbal, aprovado, do Ver. Dilamar Machado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Lauro Hagemann leu manifesto divulgado pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, acerca do transcurso, hoje, da "Jornada Continental de Luta em Defesa da Escola Pública", manifesto este onde são analisadas as principais necessidades e dificuldades que enfrentam nossas escolas, salientando a importância da tomada de medidas emergenciais, bem como a concretização de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira e um Plano Nacional de Educação que viabilizem o acesso de toda população a um ensino qualificado. Comentou, ainda, Carta Aberta à Comunidade, distribuída pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de protesto contra o índice de trinta por cento de reajuste salarial concedido pelo Governo ao funcionalismo público federal. O Ver. Airto Ferronato discorreu sobre as propostas orçamentárias enviadas à Casa pelo Executivo Municipal, destacando a criação de unidade específica para indexação do orçamento, o que possibilitará correções mensais dos valores designados nestas propostas. Disse estar encaminhando Emendas relativas aos projetos orçamentários em questão, em especial no referente aos índices de reajuste e à limitação dos empréstimos públicos. O Ver. João Motta, referindo-se ao pronunciamento do Ver. Lauro Hagemann, acerca da Carta Aberta à Comunidade distribuída pela ADUFRGS, de protesto contra o baixo índice de reajuste salarial recebido por essa categoria, solidarizou-se com a luta empreendida pelo funcionalismo público federal. Comentou, também, o manifesto divulgado pelo Fórum Nacional de Defesa da Escola Pública, acerca do transcurso, hoje, da “Jornada Continental de Luta em Defesa da Escola Pública. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Dilamar Machado falou sobre a greve deflagrada no transporte coletivo de Porto Alegre, analisando os baixos salários recebidos pelos funcionários da área e destacando a rapidez e eficiência com que essa greve foi desencadeada. Atentou para a possibilidade da “presença patronal” neste movimento grevista e teceu comentários acerca da política hoje seguida pela Administração Popular com relação aos transportes coletivos, defendendo a ocorrência de alterações na tabela de cálculo do valor tarifário desses serviços. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu às seguintes Questões de Ordem: dos Vereadores Vieira da Cunha, Wilson Santos e João Dib, acerca da distribuição de cópias aos Senhores Vereadores dos projetos de propostas orçamentárias enviados à Casa pelo Executivo Municipal; dos Vereadores Cyro Martini, Omar Ferri, Isaac Ainhorn e Adroaldo Correa, acerca da regimentalidade de realização, nesta tarde, de reunião de líderes da Casa com setores interessados para debate do projeto em tramitação na Casa, referente ao horário de abertura e fechamento do comércio aos fins-de-semana em Porto Alegre; dos Vereadores Omar Ferri e Wilton Araújo, acerca das alterações verificadas no Projeto de Resolução nº 17/90 através da Emenda a ele aposta. Às dezesseis horas e cinqüenta minutos, por solicitação do Ver. Ervino Besson, foi realizada nova verificação de “quorum” e, constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga e Lauro Hagemann e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Havendo “quorum”, declaro abertos os trabalhos da presente Sessão.

Passamos ao Grande Expediente.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, solicito que seja invertido o Grande Expediente pela Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. João Dib, solicitando a inversão do Grande Expediente pela Pauta. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos à Pauta Especial - Orçamento.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): A minha Questão de Ordem é no sentido de que sejam providenciadas pela Mesa cópias xerográficas das propostas orçamentárias. Eu, pelo menos, não recebi as cópias. Nós já estamos entrando em Discussão Preliminar na Pauta Especial e não tive condições, ainda, de analisar. Eu proponho a V. Exª que alerte o Sr. Prefeito de que ele tem que mandar individualmente as cópias, sob pena de nós suspendermos estas Pautas Especiais. Os Vereadores não têm condições de discutir sobre um assunto ao qual não tiveram acesso.

 

O SR. PRESIDENTE: A informação que nós tínhamos é de que primeiro os Líderes estariam recebendo. A assessoria do Prefeito nos informa que amanhã os demais Vereadores estarão recebendo.

 

O SR. WILSON SANTOS (Questão de Ordem): Eu quero fazer um registro, Sr. Presidente, porque o Orçamento é de extrema importância e de muita seriedade. Independente de termos reclamado várias vezes, só recebemos ontem o Orçamento. Eu entendo que nós devemos marcar como ponto de partida o momento em que os trinta e três Vereadores tiverem o Orçamento para que tenha validade a tramitação de tempo. O que está acontecendo é que nós estamos correndo Pauta de maneira especial para uma coisa que, depois, vai ser de afogadilho empurrado goela abaixo. Quero registrar o meu protesto, dizendo que a carreta está andando na frente dos bois, na minha opinião.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa não tira a razão dos demais Vereadores. Quem sabe nós suspendemos a Pauta de hoje, com o entendimento das Lideranças primeiro.

 

O SR. DILAMAR MACHADO (Requerimento): Acompanhando o raciocínio de V. Exª, eu proponho que seja anulada esta primeira Sessão de Pauta Especial do Orçamento, que se transfira para a próxima sexta-feira a primeira Sessão Especial de Pauta, quando já os Srs.Vereadores terão em mãos a proposta orçamentária.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos ouvir as Lideranças. Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Discordo, porque mesmo não tendo recebido - só recebi ontem à tarde -, eu já teria emendas a apresentar à proposta orçamentária, porque a peguei quando entrou e fui lê-la. A maioria dos Srs. Vereadores receberão a proposta orçamentária e não a utilizarão para nada.

(Apartes anti-regimentais.)

Ora, cada um tem o direito de pensar, ou não?

 

O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, como Vereador e como membro da Mesa, só temos a lamentar a participação do Ver. João Dib nesta tarde, na medida em que prejulga, sempre com a sua auto-suficiência, acaba colocando-nos numa situação meio difícil, porque todos os Vereadores gostariam de uma maior reflexão. Acho que V. Exª prejulga, e o melhor seria que fizéssemos exatamente o que o Presidente sugeriu.

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos colocar em votação se suspendemos a Pauta do Orçamento.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam a suspensão da Pauta permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO contra o voto dos Vereadores João Dib e Vicente Dutra e três abstenções.

Passamos à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1883/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 124/90, de autoria do Ver. Jaques Machado, que denomina Rua Arno Kappel um logradouro público.

 

PROC. Nº 1885/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 126/90, de autoria do Ver. Martim Aranha Filho, que denomina Rua Balthazar Hahn um logradouro público.

 

PROC. Nº 1901/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 129/90, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que declara de utilidade pública a Associação Nacional de Apoio ao Índio - ANAÍ.

 

PROC. Nº 1959/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 053/90, que autoriza o DMAE a dar contribuição à Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1960/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 054/90, que aprova o Plano de Auxílios, Prêmios e Subvenções para o exercício de 1991, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1847/90 - SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria do Ver. Wilson Santos, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 023/90, de autoria do Ver. José Valdir, que regula o horário de funcionamento do comércio em geral na Cidade de Porto Alegre.

 

PROC. Nº 1884/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 125/90, de autoria do Ver. Martim Aranha Filho, que denomina Rua Hélio Lopes Medeiros um logradouro público.

 

PROC. Nº 1896/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 127/90, de autoria do Ver. Martim Aranha Filho, que denomina Rua Dr. Paulo Fett um logradouro público.

 

PROC. Nº 1981/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 057/90, que autoriza a venda de frações de imóvel de propriedade do Município, independente de licitação, a Almiro Dornelles, Joel Souque Guimarães, Alfredo Lantmann, Telmo Batista de Souza e Onir Dias Carneiro.

 

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1902/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 132/90, de autoria do Ver. Décio Schauren, que institui como evento oficial do Município o Festival Internacional de Coros de Porto Alegre e dá outras providências.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1890/90 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 024/90, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que modifica redação da Lei Complementar nº 12, de 07 de janeiro de 1975 e dá outras providências.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1860/90 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/90, de autoria da Mesa Diretora, que disciplina o uso da Tribuna Popular nas sessões plenárias da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, para discutir.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na Pauta, no dia de hoje, Projeto de Lei autorizando a venda de fração de imóvel de propriedade do Município, independente de licitação, a Almiro Dornelles, Joel S. Guimarães, Alfredo Lantmann, Telmo Batista de Souza e Onir Dias Carneiro. Como venda de terreno é um assunto extremamente complicado nesta Cidade, busquei ver porque se tentava alienar, sem licitação, uma sobra de terreno do Município que tem 376m². E fiz uma análise.

Acho que, realmente, é difícil de aproveitar, mesmo que tenha 376m², e que vai acertar outros terrenos da Rua Sebastião Leão, ao qual esse terreno faz fundos. Também tive o cuidado de ver os valores atribuídos, vou fazer uma emenda, porque gostaria de ver os custos atualizados. Então, deve dar para a Prefeitura cerca de três milhões de cruzeiros, mas os dados colocados aqui são de fevereiro deste ano. Gostaria de atualizá-los, apesar de o número de BTNs estar certo. É que, em números, na atual Administração, a situação se complica. Havíamos pedido que a Administração encaminhasse balancetes mensais e, a partir dos balancetes mensais, que a Assessoria de Comunicação Social não divulgou nem pediu cópia, mas que alguns Vereadores receberam, tivemos uma resposta do Secretário da Fazenda que desmente todos os balancetes que ele encaminhou para a Casa. Então, quando se trata de números, e por isso disse que Orçamento é uma coisa muito séria, e como bem disse o Ver. Wilson Santos, assim como toda a Casa, que não se analisa porque os Vereadores não receberam cópia... Então, eu via com muita preocupação uma proposta do Executivo para vender um terreno e os números colocados ali quando terreno é um assunto meio tabu. O Tribunal de Contas que o diga.

Mas eu analisei, como disse, aqueles balancetes que foram encaminhados a todos os Srs. Vereadores e, depois, eu cheguei à conclusão de que o Executivo havia gasto com pessoal 50,03% da sua receita, dentro dos próprios critérios da Administração. Mas dentro daqueles outros critérios, está aqui um Projeto de Lei, mas que não está na Pauta, que fixa os critérios que são os do Tribunal de Contas, o Executivo estaria gastando apenas 28% da sua receita com pessoal, o que faria até esta Casa propor que aquele salto dos 44,8% e do qual o Executivo pagou uma pequena parcela, pudesse ser pago também. O Secretário da Fazenda, num balancete que me mandou numa demonstração, mostra que a Prefeitura gastou 52,78% com pessoal. Portanto, 2,75% a mais do que os dados que ele havia fornecido primeiramente.

Então, esta a razão por que este Vereador fez uma porção de cálculos e colocou uma porção de números pretendendo que fique estabelecida com clareza, com emendas que serão encaminhadas, a venda do terreno. E eu usei aqui porque eu queria mesmo era falar de Orçamento, mas não está na Pauta e eu vou esperar que os meus Pares estudem com a brevidade que se deseja, porque é tão importante o Orçamento, para que nós possamos encaminhar. E até gostaria de alertar por que era importante que se debatesse o Orçamento hoje, é que há aqui um Projeto na Ordem do Dia que cria um serviço no DMAE e pede vinte e dois motoristas e eu fui favorável a ele, e na proposta orçamentária tem 15 milhões de cruzeiros do DMAE para a Prefeitura tapar os buracos. É bom olhar a proposta orçamentária. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nos preocupa discutir dois Projetos de Lei, um é o que aprova o Plano de Auxílios, Prêmios e Subvenções para o exercício de 1991. Exatamente é bom discutir a Pauta e não deixar passar assim a bel-prazer, só correr a Pauta sem discutir. Vejam V. Exas, e eu comentava há pouco com o Presidente desta Casa, com o Secretário e com o 2º Secretário desta Casa, uma preciosidade que é o Projeto de Lei do Executivo nº 054/90, em que obrigam a Câmara a abrir mão de uma coisa que historicamente sempre foi sua: a aprovação específica e direta dos auxílios e subvenções que o Município outorga a instituições culturais, a instituições sociais, a instituições recreativas e de lazer da nossa Cidade. Aliás, era muito pouco, nós sempre reclamávamos também os valores irrisórios que vinham formulados. E os valores irrisórios, justiça seja feita, não eram só, vamos dizer assim, da parte da atual Administração, isto já vinha de Admi­nistrações anteriores, desde o período da ditadura, dos Prefeitos nomeados, já havia essa sistemática. Então, não inovou aí a Administração Popular, ela segue as linhas dos Prefeitos nomeados, nessa prática de dar pouco a entidades assistenciais, recreativas, são coisas muito pequenas, migalhas, isto já vem da época dos Prefeitos nomeados.

Mas o que nos preocupa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que a Câmara aprovava o Plano Geral das Aplicações. Dizia assim: à Sociedade Floresta Aurora, X; à Associação dos Amigos da Zona Norte, Y; à Associação Israelita, X; ao Clube de Cultura outro tanto. Pois, vejam V. Exas, agora o PT inova dizendo os valores da dotação global. Diz assim: a dotação global para assistência social será de 4 milhões, 650 mil cruzeiros. Diz 4 milhões e 200 mil cruzeiros para entidades privadas, 450 mil para entidades privadas que prestam serviços de assistência sanitária. Mas transferem a eles a destinação, eles vão dizer para quem aplicar. Vejam V. Exas esta inovação da Administração Popular, Ver. João Dib, veja que eles, por decreto, vão dizer para qual entidade, certamente uma entidade a que o PT tenha muita ligação. Eles vão destinar o recurso que eles quiserem.

Será que a Casa vai abrir mão do seu poder de indicar quais as entidades que vão receber essa ajuda assistencial prevista normalmente no Plano Anual de Auxílios, Prêmios e Subvenções? É essa a nossa dúvida. Dúvida não, esse é o fato. Aliás, eu sugiro ao Senhor Embaixador que retire o Projeto, que leve ao Sr. Prefeito uma sugestão no sentido de retirar o Projeto de Auxílios, Prêmios e Subvenções para apresentá-lo na forma tradicional, na qual esta Casa aprova, especificamente, as entidades que serão beneficiadas com as verbas aqui destinadas, como tem sido normalmente. Admira-me muito a forma como veio este Projeto. Tenho certeza de que a Bancada do PT e o Senhor Embaixador darão o encaminhamento necessário com relação a isso, porque poderá embaralhar. Tenho certeza de que na forma como se encontra este Projeto, ele não será aprovado. Certamente virá um Substitutivo, a menos que o Sr. Prefeito apresente um novo Projeto neste sentido.

Esses eram os comentários que gostaríamos de fazer em relação ao Plano de Auxílios, Prêmios e Subvenções para o exercício de 1991. Tenho certeza de que os Srs Vereadores, inclusive os Vereadores da Bancada petista, não abrirão mão da sua condição de fazerem as destinações específicas que esta Casa historicamente fez, ainda que irrisórias, mas, como eu disse, esta é uma tradição que vem desde a época da ditadura, dos Prefeitos nomeados.

(Aparte anti-regimental do Ver. João Dib.)

Então, nós não temos Prefeitos nomeados. Vou ouvir a Auditoria da Casa, a Comissão de Justiça para saber se os Prefeitos foram nomeados ou não. Ou não existiu uma ditadura neste País e o Congresso não esteve fechado, Ver. João Dib? Vou me ater à questão do trabalho, porque nós estamos discutindo a Pauta. Daqui a pouco não teve morto, não teve exilado, não teve torturado, não teve mais nada. E o Ver. João Dib não quer se comprometer com todos esses fatos que ele sempre assumiu. É estranho, mas vou voltar à Pauta.

 

O Sr. João Dib: V. Exa permite um aparte?

 

O SR. ISAAC AINHORN: Não vou permitir, pois V. Exª quer negar fatos notórios.

 

O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, seguramente, a Universi­dade de Campinas, neste momento, não receberá subvenções do Governo Municipal. Mas eu gostaria de dizer que em relação a auxílios e subvenções a Bancada do PT tem, por deliberação partidária, a prática de devolução aos cofres públicos municipais dessas subvenções que são destinadas aos Vereadores. Eu concordo com V. Exª que a quantia é irrisória, até porque a verba se destina a um auxílio emergencial e acaba chegando quase sempre no final do ano. E concordaria com V. Exª se a prática fosse de tentar amarrar a entidade que recebesse a subvenção a uma prática que o Governo determinasse. Acredito que, se não é isso, independe de como o Executivo define a verba. Eu creio que os Vereadores que fa­zem a prática de auxílio-subvenção com a verba pública destinam a sua melhor orientação às entidades. Normalmente, vem o rol das entidades que receberão a verba e a proposta ou está na prestação de contas ou está no próprio Projeto, como no ano passado.

 

O SR. ISAAC AINHORN: É que normalmente deveria vir neste Projeto, Vereador, mas na prática não veio. Veja que os Srs. Vereadores não estão aqui querendo fazer as indicações que, como eu disse, historicamente vêm do Executivo. O que acontece, Vereador, é que nesse não vieram as indicações do Executivo das aplicações das verbas. Esses eram os comentários e as observações que queríamos fazer sobre o Plano de Auxílios, Prêmios e Subvenções para o exercício de 1991.

De outra parte, nós queríamos também fazer alguns comentários sobre um outro Projeto de Lei do Executivo que autoriza o DMAE a dar contribuição à Administração Centralizada. E, aqui, o teor deste Projeto de Lei autoriza o DMAE a repassar o numerário à Administração Centralizada a título de contribuição pelos serviços de pavimentação de logradouros públicos, em decorrência dos trabalhos de implantação de ligações domiciliares, fugas de água e desobstruções realiza­das pela Autarquia. Aí eu estranho muito, porque a Administração Popular alardeou muito aquele princípio de que teria acabado com esse esquema que o DMAE abria e a SMOV fechava o buraco. Olha, de hoje em diante, quem abre o buraco fecha o buraco. Este foi o princípio alardeado pelo PT e que eu achei altamente positivo, porque ele rompeu com esse convênio entre SMOV/DMAE, de que o DMAE abre o buraco e a SMOV fecha. Quem sai prejudicado com esta história toda - a prática tem demonstrado isto - é a população, porque fica por vários dias o buraco aberto, semifechado, e os carros passam por ali, dão-se acidentes, apresentam-se problemas da mais variada espécie.

Então, a Administração Popular alardeou que havia acabado com isto, que o DMAE ia abrir o buraco e ia fechar o buraco. Surpreendentemente, encontramos aqui um Projeto de Lei oriundo do Executivo que autoriza o DMAE a dar contribuição à Administração Centralizada, exatamente mantendo o convênio existente entre a SMOV e o DMAE. Nós gostaríamos de saber por quê? Será que eles estão revitalizando o antigo convênio? Evidentemente que isto exige, por parte do Executivo, esclarecimentos para saber se o convênio foi revogado ou não foi revogado, se continua como era antes, ou seja, o DMAE abre o buraco e a SMOV fecha o buraco. Pelo menos se noticiou que a Administração do Prefeito Olívio Dutra tinha acabado com esta situação e teria adotado o princípio de quem abre o buraco fecha o buraco.

Esta é a dúvida que se nos apresenta neste momento em razão deste Projeto de Lei que o Executivo encaminha agora, repassando o DMAE verbas para a Administração Centralizada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito para discussão da Pauta é o Ver. José Valdir.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr: Presidente e Srs. Vereadores, eu pretendo ser muito breve nas minhas colocações, apenas para responder ao Ver. Isaac Ainhorn que, com uma cara de desdém, fez referências às inovações da Administração.

Eu ainda não estudei de forma mais amiúde os Projetos, mas o próprio Vereador, que talvez também não os tenha estudado de forma mais amiúde, faz referência inadvertidamente a duas dessas inovações. Uma inovação é a da discussão do Orçamento com a população. O Ver. Isaac Ainhorn pode usar de todo o malabarismo lingüístico ou verbal que lhe é característico e no qual ele é competentíssimo, verborrágico, como diz o Ver. Omar Ferri, pode rebolar, mas uma coisa é evidente: pela primeira vez o movimento organizado está discutindo o Orçamento desta Cidade. Pela primeira vez. E quando falo em movimento organizado, ele não é, como o Ver. Isaac e outros vêm insinuar nesta tribuna, composto apenas por entidades dirigidas pelo PT, porque eu tenho participado de forma assídua e constante dessas discussões como membro histórico do movimento popular, onde tenho convivido democraticamente com membros de diretoria de associações que são filiados ao PDS, filiados ao PDT, filiados ao PMDB, com os quais tenho discutido o Orçamento. Acho que essa discussão, até por ser uma inovação proposta pela Administração Popular, ela tem "n" falhas, uma série de falhas. Esse mecanismo democrático da democracia participativa evidentemente tem que ser aperfeiçoado, tem “n” falhas para serem corrigidas, e eu mesmo, internamente, no Governo, no Partido e em todos os canais, tenho colocado diversas críticas construtivas no sentido de aperfeiçoar isso que é, sim, Ver. Isaac Ainhorn, a inovação, porque a Administração Popular teve a coragem de propor a discussão do Orçamento primeiramente junto à população e depois junto a esta Casa, praticando a democracia não só por dentro do Parlamento, mas, também, através de outros canais com a sociedade civil organizada.

Modernamente, Ver. Isaac Ainhorn, a democracia passa por uma evolução. Em qualquer posição ideológica que nos colocamos, de esquerda, de direita ou de centro, temos que admitir que aquela democracia liberal proposta na Revolução Francesa passou por “n” transformações e hoje temos de admitir que há uma evolução e um progresso para a humanidade, pois ao lado da democracia representativa, da democracia que se estabelece através do Parlamento e, evidentemente, tem que ser valorizada por ser uma conquista da humanidade, está se desenvolvendo uma outra forma de participação direta da população, que é o princípio da democracia participativa.

Quer dizer que hoje em dia, sem dúvida, no umbral do século XXI, nós estamos assistindo essa evolução e um avanço nos fundamentos da democracia, pois não serve mais aquela democracia do século XVIII.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, de um lado concordo com os princípios gerais que V. Exª está colocando, da superação da velha democracia liberal. Aliás, o Dr. Getúlio Vargas tem um discurso de 1945 em que ele diz que a velha democracia liberal, esta está completamente superada, que os ventos são do socialismo. Quer dizer, há trinta e cinco anos, o grande Presidente Getúlio Vargas já dizia isso. Nós, inclusive, aqui em Porto Alegre, quando fomos Executivo, inovamos, e foi o PDT quem trouxe para esta Casa os conceitos populares até hoje não implementados em termos de democracia participativa pelo Governo de V. Exª. Talvez, se houvesse uma participação maior deste Parlamento, inclusive de V. Exª e da sua Bancada, conseguiríamos finalmente implementar este tão decantado discurso da participação na discussão do Orçamento. Gostaria de saber até que nível, realmente, esta discussão do Orçamento está se implementando nas bases, é esta a dúvida que tenho.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Nunca neguei isto. Sem dúvida, o PDT propôs a discussão e democratização dos Conselhos ditos populares, pois, na verdade, são Conselhos Municipais. Porque, Ver. Isaac Ainhorn, que me critica e depois não ouve a minha resposta, nós que nos reivindicamos socialistas, e também V. Exª que só às vezes se reivindica como tal, devemos entender que estes Conselhos Populares são órgãos à parte do Estado. Nunca neguei que o Governo Collares, ao propor a discussão dos Conselhos Populares a esta Casa, incorporou algumas das preocupações do movimento popular. Mas, na verdade, quem teve o topete de propor pela primeira vez a discussão do Orçamento, que antes só era feito em um dos fóruns, no Parlamento, ao grande fórum da sociedade civil organizada, foi a Administração Popular. Isto é uma inovação.

E a segunda inovação que V. Exª cita, Ver. Isaac Ainhorn, veio para resolver um velho problema desta Cidade, que é apontado há muitos anos. Desde que milito no movimento popular tenho costumado ouvir a reivindicação de que a Prefeitura funcione em cima de um princípio de racionalização e de lógica, adotando a prática que o mesmo órgão que abre buracos os feche. Essa reivindicação o movimento encaminhou a todos os Governos anteriores, inclusive ao do Prefeito Alceu Collares, e nunca foi atendido. Agora, estamos começando a atendê-lo. Evidentemente que os resultados dessa mudança não são imediatos. E até diria que, nos primeiros tempos de aplicação da nova fórmula, poderemos ter até mesmo atrasos no fechamento dos buracos da Cidade. É até possível que haja prejuízo momentâneo, como atrasos maiores no fechamento dos buracos, por uma questão técnica muito elementar e muito simples: é preciso fazer uma reciclagem no DMAE, é preciso treinar turmas para fazer esse trabalho que antes era feito pela SMOV.

Então, Ver. Isaac Ainhorn, a questão que V. Exª coloca é uma questão de esclarecimento. Agora, as duas inovações reconhecidas aqui inadvertidamente até mesmo por V. Exª, que as criticou, mas acabou tendo que admiti-las, estão em marcha. Cabe a todos nós fazer com que essas duas inovações se transformem em grandes conquistas para a cidade de Porto Alegre.

Era isso, Sr. Presidente.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais inscritos para a discussão da Pauta, Discussão Preliminar.

 

O SR. CYRO MARTINI (Requerimento): Sr. Presidente, faço um Requerimento no sentido de que passemos a examinar, agora, a Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa tinha entendido pelo Requerimento do Ver. João Dib que a antecipação se daria com relação à Pauta. Portanto, a ordem da Sessão seria a normal, continuando com o Grande Expediente.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, informo que, efetivamente, a reunião com os Srs. Vereadores está quase começando e será no novo Salão Nobre da Casa. A reunião trata-se da Comissão Especial que examina o Projeto da proibição do comércio aos domingos.

 

O SR. CYRO MARTINI: Evidentemente, Sr. Presidente, não temos como manter o nosso Requerimento, embora registremos a nossa contrariedade, porque entendemos que o momento seria do desenvolvimento da Sessão e não de outra reunião paralela.

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): A Mesa mantém, então, o entendimento anterior, votado pelo Plenário, de que a antecipação se dava em função da Pauta, Discussão Preliminar.

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, levando em consideração a existência de numerosa matéria a ser apreciada pela Casa, este Vereador gostaria de ser informado quais as razões que levam a Presidência a marcar uma reunião de Líderes com representantes sindicais do comércio de Porto Alegre exatamente numa hora em que a Casa passaria a debater a Ordem do Dia. Parece-me que os serviços do Plenário deveriam ser preservados, porque o objetivo principal é aprovação da matéria constante na Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa responde a V. Exª dizendo que não foi a Mesa quem marcou esta reunião. Esta reunião foi marcada pela direção da Comissão Especial da Casa que está tratando do problema do domingo e do sábado-inglês.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Eu gostaria que a Mesa informasse, exatamente, sob o ponto de vista do Regimento Interno, os dias em que está determinada a realização da Ordem do Dia. No caso, quarta-feira é um deles, se é possível concomitantemente realizar reuniões de Comissões Especiais. Até porque o princípio geral é que nas terças e quintas feiras, quando há reunião de Comissões, elas se realizem após o período de Comunicações. Eu acho completamente impróprio e, além de impróprio, eu quero saber se legalmente, dentro da linha colocada pelo Ver. Omar Ferri, se pode ser realizada uma reunião de Comissão Especial no momento em que vai se dar o início da Ordem do Dia.

 

O SR. PRESIDENTE: Sem pretender dialogar com o Plenário, a Mesa responde à Questão de Ordem do Ver. Isaac Ainhorn, dizendo que as terças e quintas-feiras são destinadas pelo Regimento Interno à reunião das Comissões Permanentes. O Regimento Interno silencia com relação às Comissões Especiais. Essas Comissões Especiais são dirigidas...

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sem querer estabelecer uma polêmica, quero dizer que quando esta Casa vota um Projeto que exige reunião conjunta das Comissões, suspendem-se os trabalhos da Sessão, vai-se ao exame - prática que já tem sido discutida - e depois se retomam os trabalhos de Projetos que se encontram na Ordem do Dia. Ou suspendemos a Ordem do Dia, porque inúmeros Vereadores participam dessa Comissão Especial, ou a Mesa estuda uma fórmula, com as Lideranças, de suspender e dar um novo horário a essa reunião da Comissão Especial.

 

O SR. PRESIDENTE: A lógica formal dá razão a V. Exª.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Obrigado. E a dialética também.

 

O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Requeiro seja cancelada a convocação do Ver. Clóvis Brum, pois, na realidade, até o Presidente terá que ir, porque o Ver. Lauro Hagemann faz parte da Comissão. Pediríamos desculpas às pessoas, mesmo porque estou fazendo um Requerimento para o qual quero ampla divulgação, e não como foi feito agora, meio de surpresa.

 

O SR. PRESIDENTE: Há uma outra alternativa, Ver. Dib, basta a maioria da Comissão não dar "quorum" lá para que não se realize a reunião da Comissão.

 

O SR. OMAR FERRI: É nesse sentido que quero manifestar o meu posicionamento. Quero informar a V. Exª que, em decorrência do Regimento Interno, devo estar presente aqui, na Ordem do Dia e não, num mesmo momento, numa reunião convocada por um Relator ou por um Presidente de Comissão da Casa. Portanto, não estarei presente nessa reunião que vai ser realizada no Salão dito Nobre desta Casa. Permanecerei em Plenário.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): No Regimento Interno, art. 52, diz que as Comissões temporárias, que é o caso da Comissão Especial, reger-se-ão internamente pelas mesmas normas regimentais aplicadas às Comissões Permanentes. Terças e quintas-feiras, ou em momento extraordinário que não colida com a Sessão Plenária.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Solicito me informem quais são os Vereadores que compõem essa Comissão Especial.

 

O SR. JOÃO DIB: José Valdir, Lauro Hagemann, Elói Guimarães, Vieira da Cunha, João Dib, Wilson Santos, Artur Zanella, João Motta, Luiz Braz, Omar Ferri, Jaques Machado e Clóvis Brum.

 

O SR. PRESIDENTE: São treze os Vereadores que compõem a Comissão Especial. Em face ao entendimento que a Mesa recolheu do Plenário, vamos proceder à verificação de “quorum” para a Ordem do Dia.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à verificação de “quorum”.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

 DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0473/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 013/90, de autoria do Ver. Luiz Machado, que altera a Lei nº 2022/59, que dispõe sobre a denominação e delimitação dos Bairros de Porto Alegre.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Omar Ferri: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. João Dib: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 013/90. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. Luiz Machado, solicitando seja o PLL nº 013/90 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0537/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 022/90, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre a inclusão da Educação de Trânsito nos estabelecimentos municipais de ensino e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Vicente Dutra: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. João Dib: pela aprovação;

- da CEC. Relator Ver. Wilson Santos: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 022/90. Para discutir, Ver. Cyro Martini.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para mim é sempre renovada e feliz a oportunidade de comparecer a esta tribuna, assim como em qualquer outro local, para trabalhar, para falar sobre o trabalho pelo qual tenho um carinho e uma atenção especial, que é a educação para o trânsito. Tive a oportunidade de desenvolvê-la por muitos anos, no Detran, e ainda hoje guardo relações com essa atividade. Entendo vir a esta tribuna porque acho que devo deixar bem caracterizada a necessidade da educação para o trânsito, até, talvez, se não viesse, o Projeto tivesse sido aprovado, entretanto, temos que, a partir desta Casa ou desta oportunidade, procurar entender melhor o papel da educação para o trânsito, não só no ensino formal como também fora das áreas escolares.

Esta educação faz parte do famoso tripé de trânsito; engenharia, educação e a parte legislativa. Os três “e” americanos. E nós aqui estamos pecando e muito contra a educação para o trânsito. Nós não vemos no País, seja no Município, no Estado, na União, qualquer iniciativa de porte que procure desenvolver de vez a atividade educativa de trânsito. O Código Nacional de Trânsito, que é de 1966, num de seus dispositivos finais já impunha desenvolver a educação para o trânsito, a título de noções, nos estabelecimentos de ensino do primário e do grau médio. Todavia, até hoje ainda não se fez algo marcante, substancioso dentro desse campo, o que é deveras lastimável no meu entendimento.

Nós temos hoje cerca de cinqüenta mil mortes no trânsito do País. Quando nós falamos assim, tratando-se de trânsito, a maior parte das pessoas não se sensibilizam, não se comovem, porque já estão habituadas, acostumadas com esta fatalidade fazendo parte do seu dia-a-­dia. Mas isto é surpreendente na medida em que pararmos e pensarmos um pouco, refletirmos a respeito deste assunto, desta problemática. Vejam que no trânsito nacional ou no trânsito porto-alegrense, como é o nosso caso, são mortas crianças, adultos, jovens, velhos gozando, via de regra, boa saúde. E nós, o que fazemos? Praticamente nada. Ficamos indiferentes à sorte das pessoas. Preocupamo-nos com os que têm Aids? Preocupamos-nos, mas quantos morrem com Aids? Lamentavelmente morrem algumas pessoas com Aids, mas no trânsito morrem muitíssimo mais. As doenças cardiovasculares, parece que alcançam um número maior até do que o trânsito, mas não é muito superior. Mas a pessoa, de qualquer modo está doente, acometida de um mal, mas no trânsito não.

Então, nós ficamos aqui com a nossa cruzada de longos anos, uma cruzada para mim muito boa, que muito me agrada, desde a década de 1970, se prolongando pela de 1980, e nós continuamos. Nós temos que desenvolver também a educação para o trânsito, não é só o trabalho de engenharia de tráfego que se deve desenvolver, quer nas vias urbanas, quer nas rodovias, não é só o trabalho de policiamento, de aplicação da lei que se deve desenvolver, seja no Departamento de Trânsito ou nas suas circunscrições, seja no âmbito do DAER, do DNER ou da Polícia Rodoviária Federal. Não é só isto aí, nós temos que aplicar o terceiro “e”, que é education, é educação, também deve ser lembrado.

Então, fico insistindo aqui e vou procurar colocar já no Orçamento do Município emenda no sentido de favorecer a educação para o trânsito. Nós não podemos ficar indiferentes, não podemos ficar alheios à sorte de quem quer que seja no trânsito.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Cyro Martini, sabemos que V. Exª é um especialista nesta área. Inclusive, se nós fôssemos verificar os acidentes que acontecem no trânsito, praticamente quase todos eles são acidentes por indecisões do próprio motorista e do próprio transeunte na hora de atravessar as ruas. Por isso, Ver. Cyro Martini, acho que o Senhor tocou no ponto fundamental, acho que o ensino dentro das nossas escolas vai ajudar muito, e tenho certeza de que os acidentes irão diminuir, que a indecisão, a hora indecisa é praticamente fatal para o acidente. Sou grato pelo aparte.

 

O SR. CYRO MARTINI: De fato, o trabalho pedagógico de trânsito deveria abranger todas as escolas, não apenas as municipais, mas nós temos os nossos limites circunscritos ao âmbito municipal, por isso aqui nós temos que ficar. Mas a educação deve se alastrar por todas as áreas de ensino, não apenas do 1º Grau, como do 2º Grau, até em nível superior, assim como também na pré-escola, aí nós temos muito a fazer. Mas com relação à indecisão enquanto ignorância, no que concerne aos cuidados que se deve ter no trânsito, ignorância por desconhecimento da lei, de fato, o trabalho para a educação para o trânsito aí seria fundamental. Sob o ponto de vista psicológico também teria alguns outros elementos, alguns outros dados que considerar, que levar ao exame para se alterar o comportamento, quer do pedestre, quer do motorista, quer do passageiro no trânsito.

Mas é isto aí a minha colocação, o meu registro desta reclamação constante que eu tenho contra o Poder Público, de que ele não se lembra que a educação para o trânsito faz parte fundamental da administração do trânsito e, portanto, se deve carrear recursos, trazer verbas para se desenvolver um trabalho eficiente, realmente eficaz.

 

O Sr. Gert Schinke: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Pelo Projeto de Lei, acho que do ponto de vista do espírito da matéria, ela é extremamente pertinente. A observação que eu teria a fazer é a seguinte: acho que a problemática do trânsito, este verdadeiro flagelo que a nossa sociedade vive, não irá se resolver apenas com a educação para o trânsito; temos que mudar também as leis sobre as penalidades, as infrações de trânsito, porque grassa uma verdadeira impunidade. Eu lhe dou como exemplo as ultrapassagens em faixas de pedestres, em sinaleiras de pedestres; o pedestre não tem segurança nenhuma. É evidente que a educação para o trânsito é extremamente meritória, vou dar meu apoio ao seu Projeto, acho que isso é uma parte integrante de um todo maior que a nossa sociedade tem que corrigir. Em outros países, vemos um comportamento diferente. O motorista que pela segunda vez ultrapassa uma faixa de segurança de pedestre, é recolhida a carteira e, na terceira vez, ele não anda mais de automóvel. Aqui no Brasil há uma total impunidade. Não há sequer penalidades legais para pessoas que estão cometendo verdadeiros assassinatos, atropelamentos, não há.

É verdade que a educação de trânsito é importante, vou dar meu apoio, é meritório o seu Projeto, mas não vai resolver. Nós temos que avançar muito mais nas penalidades, na legislação, serem mais severas.

 

O SR. CYRO MARTINI: Eu gostaria de fazer um comentário. Jamais fui pela fiscalização ou educação e sim pela fiscalização e educação. Evidentemente, nós temos uma série de problemas na área do trânsito que deveriam ser equacionados, deveriam ser discutidos e levados a soluções, como é o caso, por exemplo, do Código de Trânsito.

 

O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Ver. Cyro Martini, o Ver. Ervino Besson está se inscrevendo e cede seu tempo a V. Exª.

 

O SR. CYRO MARTINI: Muito obrigado. A problemática do trânsito, não seria eu aqui a colocá-la na sua plenitude, mas ela é complexa. Sobre o comportamento do motorista no tráfego há, desde a década de 1970, tramitando no próprio Congresso Nacional, Projeto de Lei no sentido de instituir os crimes de trânsito e toda a formalidade indispensável, necessária para dar curso, quer sob o ponto de vista penal, quer sob o ponto de vista cível, dessas várias questões pertinentes ao trânsito. Todavia, até hoje, embora já tenha sido consagrada através de Emenda no Código Nacional de Trânsito, a expressão "crime de trânsito", até hoje, a figura não foi realmente consolidada através de uma lei especial que tratasse da matéria como deveria fazer. Então, é uma lástima que não se tenha chegado a esse ponto.

Evidentemente que eu concordo com a sua colocação na medida em que entendo, pelo que tive oportunidade de verificar através do relato de pessoas que estiveram em outros países, que lá, sem dúvida, acontece mais espontaneamente o comportamento educado e respeitoso no trânsito. Mas, de outra parte, na medida em que alguém procure de alguma maneira afrontar a boa segurança, ele é imediatamente impedido, não consegue levar a efeito a transgressão. Por isso é que eu tenho um outro entendimento com relação à metodologia aplicada no que concerne ao policiamento fardado, ostensivo, que é desenvolvido nessa área, principalmente nos meios urbanos. Eu entendo que deveria ser levado de outra maneira e não apenas a multa sem que o motorista tenha conhecimento da autuação.

 

O Sr. Heriberto Back: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria registrar, inicialmente, nobre Ver. Cyro Martini, que V. Exª é o mais educado delegado de trânsito que eu já conheci. Em segundo lugar, eu queria fazer um registro, na qualidade de advogado do Sindicato dos Motoristas que fui durante alguns anos, onde atendi muitos motoristas, quase como fila de INPS, e como costumo dizer, os piores bandidos de trânsito, os motoristas de ônibus, de táxi, de lotação e de caminhão. E da minha verificação, de todos os acidentes que atendi, muito poucos são fatalidades, são realmente acidentes. A maioria é imprudência do motorista ou do pedestre.

Então, nesse sentido, me parece que essa matéria colocada nos estabelecimentos de ensino, eu estou tendendo a votar a favor, embora haja uma posição em geral da Bancada do Governo em não votar a favor. Mas estou tendendo a votar a favor porque, realmente, a educação para o trânsito eu a acho absolutamente fundamental.

E outra, realmente, também concordo que a legislação é extremamente falha. V. Exª sabe, Ver. Cyro Martini, quantas condenações como advogado do trânsito, dos chamados, carinhosamente até, piores bandidos do trânsito, eu tive em dois anos e meio advogando como em fila do INPS? Não é aquele cuidado que o advogado tem, pega o seu cliente, instrui, organiza as provas. Não, pegando na última hora, atendendo toda a Grande Porto Alegre, uma audiência em cima da outra. Eu não tenho nenhuma condenação. Alguém poderia dizer que o Back é um grande advogado. É verdade, eu meço 1,81m. A legislação é absolutamente falha. Agora, eu acho que precede uma legislação mais dura, mais eficiente, e uma educação mais eficaz.

Então, acho que este Projeto é altamente meritório, mas acho que temos que atentar também a uma legislação mais rígida, porque quem está na direção de um volante é a mesma coisa que andar armado e, portanto, tem que ter responsabilidade pelo uso dessa arma.

 

O SR. CYRO MARTINI: Já teve uma campanha "Não faça do seu carro uma arma".

Mas não estou aqui para fazer uma palestra, uma conferência sobre legislação para o trânsito. Mas na parte da infortunística do trânsito, do acidente, realmente, a expressão acidente, ela vem dos americanos, do traffic accident. Na verdade, nós copiamos, nós traduzimos acidente de trânsito ou de tráfego, mas, rigorosamente, acidente no sentido de um acontecimento fortuito, ocasional, sem a participação de qualquer grau de vontade humana. Isto no trânsito, hoje, é muito difícil de ocorrer, normalmente o que acontece é uma imprudência, é uma negligência, é uma desatenção onde incide de algum modo a irresponsabilidade do motorista. E por isto o grau de responsabilidade seria maior do que a culpabilidade, apenas a culpa. Estaria quase atingindo as raias do dolo. Em muitos casos, seria o dolo eventual, assumir o risco de produzir o fato.

Mas o problema que quero dizer é que a fiscalização é importante, a engenharia é importante, a legislação é importante, o Judiciário é importante, mas a educação também é e agora nós estamos tratando de um Projeto de educação para o trânsito. Por isso, tenho certeza de que a Bancada do PT, como as demais Bancadas, também dará apoio a este Projeto, como nós já tivemos oportunidade de dar apoio a outros empreendimentos pedagógi­cos. E vamos ter, certamente, oportunidade de apoiar outros dentro do campo da ecologia, dentro de outros campos que também são importantes e a criança deve estar sendo educada para o dia-a-dia, para a vida diária e não para uma vida idealizada ou alienada. É isso, então, fica o meu apelo em favor do meu Projeto. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. Com a palavra o Ver. José Valdir, para encaminhar pelo PT.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, inicialmente quero dizer que a preocupação do Ver. Cyro Martini é inquestionavelmente uma preocupação válida. Ele é, sem dúvida, uma autoridade em matéria de trânsito. Então, deste ponto de vista, não tenho nada a acrescentar às preocupações e à abordagem que fez em relação ao problema do trânsito e até nem tenho tanta competência, brilhantismo como o Ver. Cyro Martini sobre o assunto. O que me leva a discordar não só do Projeto do Ver. Cyro Martini, mas de todo tipo de projeto que procure incluir disciplinas ou conteúdos no currículo das escolas são basicamente duas questões: a primeira questão é a questão legal e a segunda questão é a questão da autonomia das escolas para desenvolver o seu currículo. Na questão legal, nós, hoje, estamos sob a égide da Lei de Diretrizes e Bases, nº 5.692/71, que atualmente está sendo rediscutida no Congresso Nacional, toda, inclusive têm vários Substitutivos e todas as entidades ligadas à educação estão, hoje, elaborando emendas e trabalhos a fim de enriquecer essa nova Lei de Diretrizes e Bases. Mas a Lei que está em vigor é a Lei nº 5.692, de 1971. E esta lei é muito clara. Ela estabelece uma educação a nível nacional, inclusive com as disciplinas já previstas e a chamada parte diversificada. E a parte diversificada existe para atender as peculiaridades regionais e locais e para possibilitar que as escolas possam, além das disciplinas previstas, incluir no currículo matérias que sejam do interesse da respectiva comunidade, exercitando a sua criatividade e a sua participação.

E aí é uma questão até mesmo de autonomia da escola. Essa é a esfera em que a escola tem autonomia para acrescentar disciplinas, conteúdos.

Se enveredarmos por este tipo de projetos, nós vamos, pura e simplesmente, tolher esta que é uma mínima possibilidade dessa autonomia se expressar. Vejam que nesta Casa já tramitaram projetos como o do Ver. Cyro Martini sobre o trânsito e só ele apresentou mais de um propondo que se incluísse no currículo o voto aos dezesseis anos, a questão do racismo, a questão da ecologia, a questão da discriminação, dentre outros assuntos. E se a moda pega, nós vamos propor que o teor de cada artigo ou conquista da Constituição como, por exemplo, a questão sindical, seja incluído no currículo das escolas. O que vai acontecer? Das duas uma: ou vai virar letra morta e ninguém dará bola para esse tipo de lei, que ficará na gaveta, ou este currículo, de tão “inchado” vai virar um emaranhado de leis, pois além do emaranhado de leis, pareceres e outras disposições legais, federais, já existente, será agregado um emaranhado de leis municipais ao currículo das escolas, simplesmente inadmissível. E aquela autonomia mínima que foi garantida pela Lei de Diretrizes e Bases simplesmente vai deixar de acontecer, porque o espaço dessa autonomia foi simplesmente inundado por leis obrigando a inclusão ou deste ou daquele, fazendo conteúdo ou disciplina, desaparecendo a autonomia da escola, a autonomia do profissional das escolas, e tornando o currículo impossível de ser administrado pelos educadores. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PDT o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. José Valdir, grande professor, hoje ele está num dia pouco brilhante. O Ver. José Valdir, quando se quer colocar alguma coisa para os professores trabalharem mais um pouco, tem um pouco de resistência.

Eu creio que o Projeto de Lei do Ver. Cyro Martini é um grande Projeto. Eu tenho certeza de que, hoje, se as nossas escolas educassem os alunos para que tenham cuidado no trânsito, muitas vidas seriam salvas. Há imprudência dos motoristas, existem os imprudentes. Muito dos acidentes que acontecem são pessoas que desconhecem, que não têm uma educação preparada para este maluco trânsito que nós temos, hoje, na cidade de Porto Alegre. Não só na cidade de Porto Alegre, eu creio que em todo o Brasil. Muitos acidentes acontecem porque as pessoas não têm aquele cuidado para atravessar uma rua ou uma avenida e cometem a imprudência por desconhecer o risco, acontecendo acidentes fatais diariamente. Vamos citar um exemplo: diariamente acontece de as pessoas descerem do ônibus e atravessarem a rua correndo. Temos mortes diariamente. Pergunto: se essas pessoas tivessem uma educação de trânsito, um alerta, será que cometeriam essa imprudência? É um alerta que fica no ar.

Portanto, Ver. Cyro Martini, parabenizo V. Exª pelo Projeto. Sabemos que V. Exª foi um brilhante delegado de polícia, que V. Exª tem um profundo conhecimento nessa área. Temos certeza de que até o Ver. José Valdir vai votar favoravelmente este Projeto, porque ele foi lá, pegou um cafezinho, veio tomando o cafezinho e vai repensar daqui a um minuto, quando vai ser votado este Projeto, e nós teremos também o voto do Ver. José Valdir. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, requeiro votação nominal para este Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Cyro Martini. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 15 Srs. Vereadores votaram SIM e 06 votaram NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Cyro Martini, Dilamar Machado, Ervino Besson, Gert Schinke, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Nereu D'Ávila e Heriberto Back. Votaram NÃO os Vereadores Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani Gregol, José Valdir, Lauro Hagemann e Adroaldo Corrêa.)

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. Cyro Martini, solicitando que o PLL nº 022/90 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1356/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 082/90, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao artista plástico Carlos Scliar.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Wilton Araújo: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. João Motta, solicitando que o Processo nº 1356/90 tenha sua discussão e votação adiadas por duas Sessões. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1512/90 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 097/90, de autoria do Ver. Luiz Machado, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Teatrólogo Ronald Radde.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Clóvis Brum: pela aprovação;

- da CEC. Relator Ver. Wilson Santos: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. Luiz Machado, solicitando que o Processo nº 1512/90, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre a Ronald Radde, seja adiado em sua discussão e votação por duas Sessões. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0887/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 024/90, que cria cargos no Departamento Municipal de Água e Esgotos. Com Emenda nº 02 e Subemenda.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CFO. Relator Ver. Flávio Koutzii: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. João Dib: pela aprovação.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR, CFO e CUTHAB. Relator-Geral Ver. Vieira da Cunha: pela aprovação da Emenda nº 02 e Subemenda.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 024/90. Com a palavra o Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na discussão deste Projeto que cria no DMAE vinte e dois cargos de motorista, eu quero dizer, inicialmente, que votarei favorável. Agora, não poderia deixar de falar, neste momento, a respeito do que eu entendo e do que se acompanha dentro do Município de Porto Alegre com relação aos cargos de motorista. E tenho acompanhado com bastante zelo e cuidado o trabalho que está sendo feito na Rua Marquês do Alegrete, em Porto Alegre, de recuperação da pavimentação daquela rua. E o que nós estamos acompanhando lá é um trabalho extremamente caótico, muito malfeito, pessimamente conduzido e que, na verdade, não está trazendo nenhuma melhora nas condições do calçamento, pelo trabalho que vem sendo feito que, no meu entendimento, é um trabalho de pessoas que não conhecem o que é calçamento de rua e não sabem executar o trabalho de reparos em calçamento de ruas. Fiz esta observação para dizer que tenho acompanhado de perto, também, qual é o procedimento do motorista que acompanha os trabalhos de execução naquela rua, quando lá está se executando uma tarefa de reparo nos calçamentos. Nós temos um grupo em torno de oito a dez funcionários que ficam permanentemente lá; três ou quatro trabalham, alguns observam, e o motorista passa o dia inteiro sentado dentro de um caminhão estacionado lá. Não sei para quê aquele caminhão. Aquele caminhão está ao lado da obra. O motorista passa o dia inteiro lendo jornal.

E o Município de Porto Alegre, atravessando as crises financeiras que todas as entidades públicas estão atravessando, não pode se dar ao luxo de ter uma pessoa, funcionário público, o dia inteiro sentado dentro de um caminhão para ler jornais. Então, eu gostaria de dizer, se há necessidade de se criar mais vinte e dois cargos de motorista para o Município de Porto Alegre, que se criem, vou votar favorável, como já disse, porque acredito nos propósitos da Administração Popular e naquilo que apresenta em termos de necessidade de criação de mais vinte e dois cargos de motorista. O que não se pode, e eu, como funcionário público que sou, gostaria de deixar claro que aquela figura sentada o dia inteiro lendo jornal traz prejuízos enormes à reputação de todo o funcionalismo público do Município, do Estado e da União.

Então, nós não podemos permitir que isto ocorra, e gostaria de mandar um recado para o Secretário de Obras do Município de Porto Alegre, que tome medidas com vistas à fiscalização desse tipo de obra pública do Município, porque é inadmissível se ver tantas coisas necessárias para se fazer no Município, com tantas obras necessárias a se fazer, e se pagar uma pessoa para ficar a tarde inteira lendo jornal. Em primeiro lugar, é muita preguiça para o meu gosto. Em segundo lugar, é alguma coisa equivocadíssima, errada e que deturpa a imagem do funcionário público. E enquanto isto ocorrer, nós, funcionários públicos, temos que nos rebelar com relação a esse tipo de coisa.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou atento ao seu pronunciamento. V. Exª diz que o motorista fica lendo jornal a tarde toda, mas, se o caminhão fica parado perto da obra, ele não pode ler o jornal? Até mesmo para ficar ciente das coisas que estão acontecendo no nosso Estado.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Não, não pode. Por que é uma questão de chefia determinar se há necessidade ou não de se deixar um caminhão parado o dia inteiro ao lado de uma obra.

 

O Sr. Luiz Machado: Se o caminhão está parado numa obra, ele está a serviço.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Retire-se o motorista e o caminhão.

 

O Sr. Luiz Machado: Eu sou contra essa sua manifestação. Por que o caminhão para mim é que trabalha. Se o caminhão está parado, ele fica automaticamente parado também. E não tem por que o homem ser prejudicado; somos iguais.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Eu não estou prejudicando ninguém. Estou dizendo que esta atitude de deixar-se alguém sentado o dia inteiro lendo jornal tem prejudicado a imagem do servidor público. E também é uma questão de chefia.

 

O Sr. Luiz Machado: Aqui está o Ver. Giovani Gregol, está lendo o jornal, mas não deixa de ser um homem público e não prejudica ninguém.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Prejudica, meu caro Vereador.

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Com toda a consideração que V. Exª merece deste Vereador, gostaria de, quem sabe colocando um pouco da experiência que tivemos na Secretaria de Obras, esclarecer que às vezes parece, mas não é. Os caminhões normalmente, e isso acontecia na Secretaria e deve continuar acontecendo, que é uma rotina que deve ser observada, os caminhões da Secretaria de Obras e demais autarquias levam os materiais para a realização da obra. Não há como prever exatamente quando se vai concluir a obra. São pequenas obras, são pequenos reparos que estão sendo feitos. Então, em minutos, ou hora, ou meia hora poderá já estar concluído. É muito difícil determinar exatamente qual a hora. Veja bem, existe, e eu também sou contra se está existindo exagero, neste caso sou contra, lutei contra isso na Secretaria, mas existe uma rotina que às vezes deve ser considerada como ócio, como mau aproveitamento dos caminhões. Acho que não é o caso, na maioria das vezes, e tenho observado com a experiência que tenho, por aí.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Gostaria de agradecer sua interferência, dizendo que é evidente que se há uma pequena obra a se fazer, há de se levar material e não se sabe se essa obra demorará um dia, dois dias ou meia hora, evidente que haverá de ficar um caminhão em prontidão. Não sei se usei o termo correto. Agora, o interessante é que é uma obra que dura duas semanas. Então, não há de se dizer que é coisa de poucos minutos. (Aparte anti-regimental.)

Mais ou menos é isso aí. É verdade, me coloco contrário, acho que é uma coisa séria e a população sabe, eu sou funcionário público e não admito esse tipo de coisa, é muita preguiça para a minha forma de olhar a coisa. Isso prejudica o servidor público, a imagem do servidor público, todo pessoal fala mal do servidor público por causa disso.

 

O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Airto Ferronato, o princípio que V. Exª está colocando, eu concordo plenamente, acho que sua atitude também de fiscalizar esse tipo de coisa, eu diria que não é nem atitude de um Vereador, é atitude de um cidadão, pois qualquer cidadão tem que ter essa atitude fiscalizatória. Agora, o que eu coloco em dúvida é se o fato tem essa conotação que V. Exª está querendo dar. Eu dou um exemplo: certa ocasião, nós saímos aqui da Câmara com dois carros com dois motoristas, numa Comissão Externa. Nós ficamos durante duas horas fazendo a tarefa parlamentar que deveríamos fazer e os motoristas ficaram esperando, não sei se lendo jornal, mas esperando. Eu pergunto: seria racional se, enquanto a gente estivesse lá, eles pegassem o carro, gastas­sem gasolina, voltassem para a Câmara e, depois, fossem nos buscar? Certamente, não seria racional. Então, esse princípio de racionalidade que V. Exª está colocando, eu concordo em tese, agora, não sei se é mais racional, dependendo da situação e me socorrendo do teor do aparte do Ver. Wilton Araújo, eu vou nessa linha. Às vezes é mais racional ficar o motorista esperando e é menos prejuízo para o setor público do que fazer o que V. Exª está sugerindo.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Concordo e esse aparte de V. Exª tem o mesmo significado do aparte do Ver. Wilton Araújo. É evidente que se é uma obra racional, de uma ou duas horas, está bem. O que não pode ocorrer é que se permaneça um dia inteiro sentado num caminhão sem fazer nada. Aí não dá! E gostaria de deixar claro que é evidente que sou favorável a que haja motorista e que se transporte. Agora, o que não pode ocorrer num País pobre, num Município pobre, é se colocar um funcionário público o dia inteiro sentado sem nenhuma função. Então, gostaria de deixar bem claro também que não foi nenhum trabalho de uma hora, foi um trabalho de diversos dias. Isso não pode ocorrer. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que o Projeto e a Emenda serão votados nominalmente.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação do Projeto.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 17 Srs. Vereadores votaram SIM e 02 Srs. Vereadores ABSTIVERAM-SE de votar.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Luiz Braz, Mano José, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Nereu D'Ávila, Adroaldo Corrêa e Heriberto Back. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores Luiz Machado e Vicente Dutra.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos à votação da Emenda nº 02, já que a de nº 01 foi retirada. Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação da Emenda nº 02.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 18 Srs. Vereadores votaram SIM, 01 Votou NÃO e 01 ABSTEVE-SE de votar.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda nº 02.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Machado, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Nereu D'Ávila, Adroaldo Corrêa e Heriberto Back. Votou NÃO o Ver. Mano José. ABSTEVE-SE de votar o Ver. Leão de Medeiros.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada dos Srs. Vereadores para a votação da Subemenda nº 02 à Emenda nº 02.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 11 Srs. Vereadores votaram SIM, 09 votaram NÃO e 01 Sr. Vereador ABSTEVE-SE de votar.

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADA a Subemenda à Emenda nº 02.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Gert Schinke, Giovani Gregol, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Heriberto Back. Votaram NÃO os Vereadores Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Leão de Medeiros, Luiz Machado, Mano José, Wilton Araújo, Nereu D’Ávila e Adroaldo Corrêa. ABSTEVE-SE de votar o Ver. João Motta.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria do Ver. João Motta, solicitando seja o PLE nº 024/90 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1403/90 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 031/90, que dá os nomes Avenida Walter Kaufmann e Rua Vinte e Quatro de Agosto a trechos de uma via pública e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Wilton Araújo: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 031/90. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. João Motta, solicitando seja o PLE nº 031/90 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam senta­dos. (Pausa.) APROVADO.

 

VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 2453/89 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 136/89, de autoria do Ver. João Bosco, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Geraldo Pereira Mattos Filho - Mazaropi.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Clóvis Brum: pela aprovação;

- da CEC. Relatora Verª Letícia Arruda: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. Clóvis Brum, solicitando o adiamento, por uma Sessão, do PLE nº 136/89. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam senta­dos. (Pausa.) APROVADO.

 

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1315/88 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 025/88, de autoria do Ver. Rafael Santos, que concede o Prêmio de Teatro Qorpo Santo à atriz Carmem Silva, Maria Amália Feijó.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. João Motta: pela aprovação;

- da CEC. Relator Ver. José Valdir: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PR nº 025/88. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO

Requerimento de autoria do Ver. João Dib, solicitando seja o PR nº 025/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam senta­dos. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando que o Processo nº 1902/90, PLL nº 132/90, seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta da CJR, CFO e CUTHAB.

Para encaminhar, o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este Projeto objetiva instituir como evento oficial do Município o Festival Internacional de Coros de Porto Alegre. Este Festival já é uma tradição de nossa Cidade e, sem dúvida, constitui-se num dos eventos culturais mais importantes da América Latina, A sua realização é motivo de orgulho para a nossa Cidade. Neste ano, está se realizando o 15º Festival Internacional de Coros de Porto Alegre, que ocorre na próxima semana, do dia 20 ao dia 29 de outubro, no Salão de Atos da UFRGS. Tendo em vista que o Município participa como co-patrocinador desse evento, vários corais que participam do Festival vão se apresentar em locais públicos. Inclusive, uma das apresentações está prevista para o Parque da Redenção, próximo a José Bonifácio, e na próxima semana, também, a Requerimento nosso, já aprovado, um dos corais estará se apresentando aqui na Câmara Municipal, no Grande Expediente, na próxima quarta-feira. Então, estamos pedindo urgência para a votação deste Projeto, que já tem parecer positivo do Executivo Municipal para que, durante a semana do evento, ele possa ser votado e aprovado. Estamos pedindo a compreensão dos Vereadores para a votação favorável à urgência deste Projeto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam senta­dos. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Wilson Santos, solicitando que o Grande Expediente do dia 12 de dezembro de 1990 seja reservado para homenagear o Sr. Paulo Viriato Correa da Costa, Presidente Internacional do Rotary Clube, por ocasião de sua visita oficial a Porto Alegre.

Para encaminhar, Ver. Vicente Dutra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, rapidamente, para justificar o Requerimento do Ver. Wilson Santos, trata-se de uma personalidade ímpar que vem a Porto Alegre, é Presidente de Rotary Internacional, e lembrando que em oitenta e nove anos de existência do Rotary, é a terceira vez que um brasileiro ocupa tal posição. E como já foi dito, o Rotary, hoje, abrange mais países do que os países que estão na ONU, doando toda a vacina contra a poliomielite do mundo e muitas vacinas de sarampo. A vacina que é aplicada no Brasil, foi aplicada agora no dia 06, com grande estardalhaço pela imprensa, toda ela foi doada pelo Rotary, em silêncio. A única pessoa que fez a divulgação fui eu, aqui, e fui até contrariado por alguns rotarianos. Não querem a divulgação disto aí.

Então, eu acho que é o momento de abrirmos uma brecha de trinta minutos, que seja, para receber esta autoridade, plantar uma árvore, enfim, a exemplo do que aconteceu com outros presidentes, não-brasileiros, que vieram a Porto Alegre e aqui foram acolhidos. Sei que a Assembléia Legislativa está preparando uma grande recepção a esta figura internacional que é o Paulo Viriato Correa. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento de autoria do Ver. João Motta, solicitando que o período de Comunicações do dia 29 de novembro seja dedicado a homenagear o Dia Internacional do Povo Palestino. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: A Mesa vai tentar explicar o próximo Requerimento. De autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, requerendo a renovação de votação do Processo 1022/90. Já foi explicado anteriormente que o Vereador requerente diz que, tendo em vista o mau encaminhamento da matéria, conforme acordo tácito anterior, resultou em votação errônea, prejudicial aos interesses do funcionalismo. O Projeto de Resolução que vigorava no Município era o seguinte. (Lê.) O Ver. Wilton Araújo propôs uma nova redação para esse art. 1º que foi apreciado pela Casa, cujo texto é o seguinte. (Lê.)

 

O SR. OMAR FERRI (Questão de Ordem): Eu gostaria que ficasse esclarecido no que difere a primeira redação da segunda, o que existia dessa que corresponde à Emenda do Ver. Wilton Araújo.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilton Araújo, vamos ver o que difere.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: É uma diferença. A palavra público é retirada do texto que vigorava.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: O Processo está incompleto. Exatamente a palavra público é que foi retirada.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Exatamente, o que foi retirado é a palavra público da redação que vigorava.

 

O SR. PRESIDENTE: Agora, nós estamos votando um Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, pedindo que se renove a votação desse Processo.

 

O SR. DILAMAR MACHADO (Questão de Ordem): Esclarecimento. A renovação solicita­da precisa de quantos votos para ser autorizada?

 

O SR. PRESIDENTE: Dezessete votos para renovação da votação.

 

O SR. DILAMAR MACHADO (Requerimento): Eu requeiro votação nominal.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Dilamar Machado. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação do Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 11 Srs. Vereadores votaram SIM e 08 votaram NÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o Requerimento de renovação de votação do PR nº 017/90.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Gert Schinke, Giovani Gregol, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Vicente Dutra, Adroaldo Corrêa e Heriberto Back. Votaram NÃO os Vereadores Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Luiz Machado, Mano José, Vieira da Cunha, Wilton Araújo e Nereu D'Ávila. ABSTEVE-SE de votar o Ver. Omar Ferri.)

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passa-se ao período de Comunicações. Antes, porém, está com a palavra o Ver. Lauro Hagemann para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta Comunicação de Liderança, quero cumprir, com muito prazer, uma solicitação que me faz a Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, esclarecendo que hoje, dia 17 de outubro, se vê transcorrer a Jornada Continental em Defesa da Escola Pública, definida pelo Comitê Latino-Americano da Confederação Mundial de Organizações de Profissionais do Ensino. São vinte países que integram essa frente, inclusive o Brasil. E nessa Jornada, hoje, 17 de outubro, definida, como já disse, como Jornada Continental de Luta em Defesa da Escola Pública, ela se dirige com quatro eixos principais: gestão democrática da educação; contra a privatização do ensino; valorização dos trabalhadores em educação; e não-pagamento da dívida externa. (Lê.)

“Ao se integrar nessa rede continental, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, que é a organização brasileira que integra essa frente, exige medidas emergenciais de aplicação imediata que garantam:

a) universalização efetiva do acesso e permanência de todos os brasileiros na escola básica de horário integral;” - atenção, que isso interessa ao PDT – “reintegração das crianças marginalizadas do sistema nacional da educação à educação escolarizada; capacitação de um e meio milhão de novos professores; construção de cem mil novas escolas, com equipamentos pedagógicos adequados e reequipamento das existentes; valorização dos profissionais da educação, com a definição de piso salarial nacional e plano de carreira.

b) uma lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que garanta as condições para a construção de um Sistema Nacional de Educação capaz de assegurar a todos os cidadãos escola pública, gratuita, laica, democrática e de qualidade.

c) um Plano Nacional de Educação que define diretrizes, prioridades, metas e recursos financeiros e permita assegurar, até a limiar do ano 2000, educação de alta qualidade para todos.

A participação do Brasil nessa Jornada Continental em Defesa da Escola Pública, ao lado de mais dezenove países americanos, significa uma opção irreversível pela educação como processo de formação do homem, enquanto cidadão e trabalhador, capaz de participar do processo de construção de sociedades justas e democráticas nos países da América Latina.

                                                                       Brasília, 17 de outubro de 1990.

Publicação de responsabilidade do CPERS-Sindicato.”

Esse manifesto à sociedade brasileira, cuja síntese acabo de ler nesta breve Comunicação de Liderança, é uma contribuição dos docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, neste dia que dedicam à Jornada Continental em Defesa da Escola Pública e, também, acrescentam uma Carta Aberta à Comunidade, reclamando, no caso específico, a concessão de 30%, apenas, aos professores, assim como aos demais funcionários públicos federais, por parte do Governo da República, no período que vem desde março até agora. Trinta por cento que não significam a reposição de 372%, que é o cálculo, por alto, da defasagem salarial neste período.

Fica aqui o registro em nome dos docentes da UFRGS e nos associando a essa Jornada Continental em Defesa da Escola Pública que hoje se comemora. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PMDB, Ver. Airto Ferronato.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estou usando esse espaço de Liderança até porque, pela tarde, hoje, na Sessão da tarde foi dito por Vereadores aqui da tribuna que não seria oportuna a colocação em Pauta do Orçamento, mesmo porque nenhum Vereador o teria lido. Estou aqui para dizer neste espaço que, na verdade, já li grande parte do Orçamento, achei interessante, oportuna a proposição para que não se colocasse hoje, até para que mais pessoas tivessem a oportunidade de ler o Orçamento, e dizer também que já estou apresentando algumas emendas. A primeira delas tem em vista, tem em mente o seguinte: através de Lei de Diretrizes Orçamentárias, aprovada pela Casa, o Orçamento vem com valores de agosto e ele vai ser atualizado pela URM até o mês de dezembro e, além disso, foi criada uma unidade específica, instituí­da para fins de correção monetária, a chamada Unidade de Referência Orçamentária do Município de Porto Alegre - UROMPA. Até acho um pouco esdrúxula essa nossa Unidade de Indexação de Orçamento, a sigla em si, mas gostaria de dizer que por essa Unidade de Indexação os valores do Orçamento estão definidos em unidade de referência, valendo Cr$ l,00 cada, e esse Orçamento vai sofrer correções mensais, automáticas e já autorizadas pelo Legislativo. Isso implica, em última análise, que está se permitindo que o Executivo aumente os valores consignados no Orçamento pelo índice de correção monetária do período ou pela receita, variação da receita. E, logo adiante, no art. 3º, nós temos uma proposição, um pedido de autorização que diz que fica autorizado o Executivo a abrir créditos suplementares de até 25% do total da receita. Nós entendemos o seguinte: estes 25% eram uma autorização que se dava anualmente ao Executivo porque não existia o indexador. Hoje, como existe esse indexador e como há mais uma autorização para a abertura de crédito orçamentário, nós entendemos que, aprovado o Orçamento da forma como está, com esses 25%, aí, sim, nós entendemos que estamos autorizando o Executivo a atualizar o Orçamento pela correção monetária e, além disso, autorizando o Executivo a aumentar o Orçamento em termos reais em mais 25%.

Então, estamos apresentando uma emenda limitando esse aumento para 5%, porque entendemos o seguinte: com 5%, isto vai ser um ajuste real em termos de correção monetária. É uma das emendas que apresentamos.

O Executivo está pedindo no art. 3º que seja autorizada a abertura de empréstimo para operações de antecipação da receita. Nós estamos limitando esta abertura de empréstimo até o limite de 25% da receita autorizada pelo Município. Estamos não autorizando o Executivo a tomar empréstimos ilimitadamente, entendemos que 25% é um bom parâmetro. É uma primeira proposição para estudo e debate e acredito que com isto estamos limitando e até fazendo com que o Executivo tome menos empréstimos junto às instituições financeiras do Estado e da União, para se evitar, também, acréscimos de encargos financeiros decorrentes desses empréstimos.

Usamos este tempo de Liderança para comunicar que na verdade já estamos analisando o Orçamento, até por ser Presidente da Comissão, e já estamos apresentando emendas que entendemos vão colaborar para o aprimoramento da proposta orçamentária encaminhada à Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Motta para uma Comunicação de Liderança, pelo PT.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria, rapidamente, de registrar em nome da Bancada do PT, secundando o Ver. Lauro Hagemann, a nossa solidariedade à Diretoria da ADUFRGS e ao comando de mobilização, também, da UFRGS. Pois também nós concordamos com esse balanço que foi sintetizado pelo Ver. Lauro Hagemann, que há, hoje, através do Governo Collor, uma campanha de desmoralização da universidade pública, buscando inviabilizá-la, seja através do achatamento salarial ou através das péssimas condições de trabalho, agudizando um quadro de crise no ensino superior público no Brasil. Apenas para citar um dado, há uma publicação no Diário Oficial da União, dias 19 e 23 de abril e, depois, novamente nos dias 10 e 15 de maio de 1990, que afirma que de um total de 271 milhões de cruzeiros, trinta universidades públicas de vinte e dois Estados receberam 151 milhões, num percentual de 55%, contra 119 milhões de cruzeiros recebidos por dezenove escolas privadas em sete Estados, 44% desses recursos. Portanto, as universidades privadas têm recebido, individualmente, mais recursos públicos do que as próprias universidades públicas deveriam receber, os 82% das verbas do MEC.

Fica aqui registrada, rapidamente, em nome da Bancada do PT, a nossa solidariedade aos companheiros do comando de mobilização da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, neste dia 17 de outubro, Dia Continental de Defesa da Escola Pública. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Primeiro orador inscrito, está com a palavra o Ver. Dilamar Machado, em

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu até estava mesmo pensando, Ver. Adroaldo, em desistir, mas eu resolvi falar um pouquinho sobre um acontecimento que indiscutivelmente atinge a cidade de Porto Alegre desde a madrugada de hoje. Aliás, até agora foi um assunto completamente ignorado pela Casa: a greve dos serviços de transporte coletivo da Cidade. Porto Alegre está, desde hoje pela manhã, com a greve mais bem elaborada que eu já conheci na cidade de Porto Alegre. Nenhum ônibus circula na Cidade, pelo menos até o momento em que vim para a Câmara não vi nenhum ônibus, de nenhuma empresa, nem da CARRIS e nem da Sopal, que são empresas que estão sob o comando do Poder Público do Município, ou seja, são empresas públicas. A greve é 100%.

Dois aspectos devem ser comentados na greve dos motoristas e cobradores de ônibus. O primeiro é o aspecto salarial. Indiscutivelmente, pagar 29 mil cruzeiros para um cidadão dirigir um ônibus, neste trânsito desordenado, complexo, em Porto Alegre, e ainda com estes problemas de intempéries, o inverno e primavera mais complicados das últimas décadas, é, indiscutivelmente, uma injustiça, 29 mil cruzeiros ganham os motoristas, 19 mil cruzeiros ganham os cobradores de ônibus. Mas outra questão que se deve salientar é o inevitável da greve. Ela surgiu de repente, por nada. Porto Alegre anoiteceu com o transporte coletivo normal, e não só Porto Alegre, a Região Metropolitana amanheceu com uma greve de 100%. Paralisação absoluta dos serviços de transporte coletivo da Capital, atingindo Guaíba, Alvorada, Viamão, Cachoeirinha, Canoas, etc. Então, há esse aspecto meio estranho, o que nos leva à conclusão que, no bojo dessa greve, pode estar, inclusive, a mão patronal, e que, no bojo da greve, esteja uma tentativa de aumentar um pouco mais os 35 cruzeiros, e já se fala em 50 cruzeiros para a tarifa de ônibus.

Venho à tribuna para hipotecar, primeiro, a minha solidariedade à classe trabalhadora, aos que trabalham: aos motoristas, aos cobradores, aos largadores, aos fiscais, enfim, àqueles que têm os seus salários achatados num país de economia desordenada, em que só os ricos cada vez se apropriam mais dos recursos desta Nação e os pobres cada vez ficam mais pobres, e a classe trabalhadora já beirando a miséria, o desemprego, a falta de habitação e a falta de salário.

Por outro lado, venho abrir o debate para que, queira ou não queira o Sr. Olívio Dutra, queiram ou não os companheiros do Partido dos Trabalhadores, o abacaxi é seu, o pepino é do PT neste momento. Quem tem que encaminhar a esta Casa soluções emergenciais para o problema que afeta o transporte coletivo é a Administração Pública. O que nós podemos fazer é abrir a nossa consciência, os votos da nossa Bancada, a nossa boa vontade, para discutirmos aquilo que eu falava há uma ou duas Sessões atrás: é preciso, urgentemente, que a Prefeitura de Porto Alegre altere a metodologia de cálculo para a fixação da tarifa de ônibus da Cidade. Sempre fui defensor de uma tarifa real. Não adianta estarmos brincando de tarifa barata, de tarifa irreal, de uma tarifa compatível com a miserável quantia ganha pelo trabalhador brasileiro. O serviço, na sua maioria, é particular. Os custos que compõem o cálculo tarifário sobem todo dia. Todo mundo sabe que o pneu sobe todo dia, que a gasolina sobe todo dia, que o óleo diesel não tem mais controle, que as carrocerias fazem parte de grandes cartéis. E fazem propaganda em rádio. Eu acho que é o único país do mundo que fabricante de carroceria de ônibus mantém espaços de patrocínio de programas jornalísticos. Deve ser um excelente negócio. São daqui, se não me engano, de Caxias do Sul. Então, estes custos existem e ninguém vai dizer que não. Se achatarmos a tarifa, liquidamos com o transporte coletivo.

Agora, não deve o Município continuar insistindo no equívoco de colocar este chamado plus tarifário por decreto, porque isto ainda vai criar um problema muito sério para a Administração do Município. Não estou dizendo que com isso o Sr. Olívio Dutra esteja cometendo um ato ilegal, ilegítimo ou imoral. Acho que ele tem uma boa intenção, quer renovar a frota de transporte, mas está agindo equivocadamente. Então, que mande para esta Casa um projeto alterando a incidência da renovação de frota no cálculo tarifário. Se hoje é de um, que passe para dez. Se é de dez, que passe para trinta. Que se renove a frota através do cálculo da tarifa e que se dê uma tarifa real para Porto Alegre. E que, junto com ela, se dê um salário também adequado aos que trabalham efetivamente no transporte coletivo.

Eu ouvi comentários, hoje, de um jornalista de uma emissora de rádio dizendo que o motorista de ônibus de Porto Alegre quer ser um marajá. Eu conheço funcionários da Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE - que ganham mais de um milhão de cruzeiros por mês. Ninguém sabe o nome deles, não sai no jornal, ninguém publica, ninguém critica, não se sabe bem o que eles fazem. Eu conheço funcionários da Assembléia Legislativa que ganham muito mais que um Deputado. Alguns aposentados, se aposentam e ainda pegam, depois, um CC de um Deputado ou de uma Bancada.

Então, eu diria que é preciso que esta Casa, na Sessão de amanhã ou na Sessão de sexta-feira, examine, em regime de urgência, questões relativas ao transporte coletivo, porque é visível o prejuízo para a economia de Porto Alegre. Boa parte do comércio, hoje, paralisou ou, pelo menos, está com a metade dos seus servidores. Eu vi ônibus particulares contratados por hospitais, Instituto de Cardio­logia, Hospital Cristo Redentor. Então, as empresas de serviço essencial, como hospitais, estão contratando. Isto custa caro para a própria empresa, é necessário que esta situação seja resolvida. Um caminho seria a intervenção direta através da Brigada Militar e colocar motoristas, como fez o Prefeito Alceu Collares. É uma solução emergencial, não sei se é a mais simpática, se é a melhor, porque, de repente, um motorista desqualificado do ponto de vista profissional pode provocar um acidente e uma vida que se perca já leva por água abaixo a iniciativa.

 

O Sr. Décio Schauren: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Às onze horas, quando eu estava na Avenida Ipiranga, a Cia. Carris estava largando cinco ônibus, acompanhados por uma viatura da Brigada Militar. Eu ouvi, pelo rádio, que a cada ônibus que a CARRIS largasse, a Sudeste largaria dois. Só não tenho mais notícias do que está acontecendo hoje à tarde. Não há dúvidas de que esta greve é bastante estranha, não só para V. Exª, como para nós também, e temos a impressão de que, efetivamente, há a mão dos empresários atrás desta greve. Foi oferecido aos motoristas um salário de 42 mil cruzeiros e, aos cobradores, 28 mil. Evidentemente, este não é um bom salário, mas estamos passando por uma situação muito difícil. Inclusive, há pouco, se falou na universidade, onde há professores com mestrado ganhando 60 mil cruzeiros. Quero dizer que, por mais mérito que os motoristas tenham em reivindicar um melhor salário, não podemos esquecer quem é que efetivamente vai pagar este salário. Ter-se-ia que aumentar mais ainda a tarifa e onerar o usuário. Este é que é o problema.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Indiscutivelmente, a questão é esta. É por isto que eu digo que a matéria tem que ser trazida para a Câmara e discutida, para que se possa colaborar. No momento em que o Executivo concede um aumento de tarifa, como concedeu há poucos dias, de 27 para 35 cruzeiros, num percentual por volta de 30%, ele leva em conta, também, no índice tarifário, a revisão salarial dos motoristas. E quando foi concedido o aumento anterior, de 17 para 27 cruzeiros, já era 29 mil cruzeiros o salário dos motoristas, há muito tempo. Então, na realidade, a classe patronal não está repassando para os seus trabalhadores os aumentos que vem sistematicamente recebendo. Talvez isto explique a tática adotada pelo Sindicato dos Rodoviários, que resolveu, de uma hora para outra, parar o serviço, botar na mesa, para ver se leva. Feita toda esta análise, eu quero concluir dizendo que fico ao lado dos trabalhadores. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ERVINO BESSON (Requerimento): Solicitaria a V. Exª verificação de "quorum".

 

O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Não há "quorum”, pelo que encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 16h50min.)

 

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